Monday, June 27, 2005

É PENA, SENHORES MINISTROS !

O Ministro dos Negócios Estrangeiros têm actuado com a prudência e inteligência necessária em vários assuntos delicados. Sempre que foi chamado a pronunciar-se, Freitas do Amaral respondeu bem e rápido, o que demostra que pensou previamente e bem. Foi assim com as relações com os EUA, foi assim com o fracasso da Constituição Europeia.
É pena o seu registo excessivo de “chefe de Estado”, estilo que para já tem caído bem nos media, mas que poderá vir a causar desamores.

Já a Ministra da Educação conseguiu aquilo que o ministro anterior estranhamente não foi capaz: a publicação em tempo útil das listas de colocação dos professores. Assim como a greve que, apesar dos esforços sindicais, não paralisou totalmente os exames nacionais, um imperativo para a educação.
É pena o seu registo distante dos cidadãos “normais”, é pena que a Ministra cultive uma certa imagem de afronta aos media, de alguma agressividade mesmo, e é pena a gafe proferida sobre a sentença do Tribunal Administrativo dos Açores.

Wednesday, June 22, 2005

GREVE É QUE NÃO

A falta ao trabalho por motivo de greve teve um tempo histórico na Europa. Portugal não devia ser uma excepção.
Em rigor, esta estranha forma de “luta” – nunca percebi bem o estatuto jurídico da greve durante 5 anos de Faculdade! – à qual recorrem os trabalhadores passa exactamente por tudo aquilo que contraria a essência de um trabalhador: não ir, voluntariamente, trabalhar.
Nessa medida, sempre preferi, ao invés da “paralisação” (palavra tenebrosa, mas muito utilizada pelos media para se substituir à expressão “greve”), o caminho do protesto, da expressão verbal, da manifestação com berraria e bandeiras...
Greve é que não. Sobretudo quando nos apercebemos que são sempre os mesmos grupos e classes (a distinção deixo para os “cientistas sociais”) que preferem a greve como forma de protesto. Sim... preferem a greve, pois existem alternativas.
Greve é que não. Sobretudo quando nos apercebemos que é geralmente a função pública que recorre a este expediente paralisador. Volvidos mais de 30 anos sobre a Revolução de Abril, é difícil acreditar que o Estado persiga apenas alguns grupos ou classes profissionais, como os professores, como os polícias, como os maquinistas da CP, como (leio hoje no jornal e fico em pânico) os guardas prisionais. A greve é que não.
Se eu tiver uma audiência marcada no Tribunal e lá não aparecer por que resolvi fazer greve, e o mesmo suceder com o Ex.mo Juiz, com o ilustre representante do Ministério Público, com o solícito funcionário judicial, com os menos solícitos condutores do metro e taxistas, com o simpático dono do café onde releio sempre os processos, com o senhor do quiosque dos jornais que insiste em cobrar sempre mais, com as pobres das testemunhas que foram notificadas para a inquirição, e até com a própria fútil audiência que costuma assistir a processos bizarros... se ninguém aparecer... o que fazer? Ficará alguém certamente sem o seu direito essencial do acesso à justiça.
Do mesmo modo, os alunos cujos professores fazem greve (em plena época de exames - bolas !) ficam sem o seu direito essencial do acesso ao ensino.

Tuesday, June 21, 2005

A NOSSA SEGURANÇA

Quando se exigia uma imagem de rigor e intolerância perante a violência, deram-nos o contrário.
Quando se exigia um total e célere esclarecimento do que aconteceu, bem como o compromisso de que tudo mudará amanhã, deram-nos o contrário.
Quando se exigia que todos fossemos capazes de sentir a importância do que aconteceu na praia de Carcavelos faz mais de uma semana, deram-nos o silêncio.
Quando se exigia a rápida e clara distinção entre pobreza e criminalidade, entre presença policial e o sentimento de alívio, deram-nos nada.
O Governo tem agora uma razão maior para fazer melhor: a nossa segurança.

Monday, June 20, 2005

A SUBIDA AO PÓDIO

O que me fez esperar ontem defronte da televisão até perto da uma da manhã? A subida ao pódio do piloto português Tiago Monteiro.
E, se necessário fosse, ficaria acordado até nascer o dia, pela certeza da imagem com a vibração das bandeiras portuguesas no pouco público que resistiu até ao fim da corrida.

Tuesday, June 14, 2005

STRANGE THINGS HAPPEN ON THESE WATERS

Regressado da Escócia tomo a oportunidade para fazer um anúncio bombástico.
Após um dia e meio em Edimburgo e outro às voltas nas highlands descobri um claro indício da existência do monstro que tantos afirmam viver no Loch Ness (desde já, “loch” significa “lake”, como seria, aliás, de esperar!).
Ora, o anúncio é tanto mais bombástico quanto revelo que o meu indício sobre a eventual "residência" do monstro não conduz a esse lago de águas escuras bem ao norte da Escócia, mas sim mais ao sul, em pleno centro medieval de Edimburgo...
De facto, foi à porta do magnífico castelo da capital escocesa que avistei um parente do monstro, mais precisamente – parafraseando o dr. Cadilhe – o “Pai do Monstro”... é verdade... o próprio Prof. Cavaco Silva (e a mulher e, talvez?, a neta)!
Podem acreditar na veracidade da criatura que o ora signatário vos jura ter avistado, não foi efeito do whisky (ou "Usquebaugh" na língua antiga dos escoceses), era mesmo "o pai do monstro do défice" que comprava – sossegadamente, diga-se em seu abono – bilhetes para visitar o Castelo de Edimburgo...
O mistério adensa-se...

Friday, June 03, 2005

O DÉFICE ALEGADAMENTE NAS PALAVRAS DE EÇA

«Sempre que no Parlamento se levanta a voz plangente dum ministro, pedindo que cresça a bolsa do fisco e se cubra de impostos a fazenda do pobre, para salvação económica da pátria, há agitações, receios, temores, inquietações, oposições terríveis, descontentamentos incuráveis. O povo vê passar tudo, indiferente, e atende ao movimento da nossa política, da nossa economia, da nossa instrução, com a mesma sonolenta indiferença e estéril desleixo com que atenderia à história que lhe contassem das guerras exterminadoras duma antiga república perdida. (...)
Temos um déficit de 5.000 contos. Esta é a negra, a terrível, a assustadora verdade. Quem o promoveu? Quem o criou? De que desperdícios incalculáveis se formou? Como cresceu? Quem o alarga? É o governo? Foram estes homens que combatem, foram aqueles que defendem, foram aqueles que estão mudos?
Não. Não foi ninguém. Foram as necessidades, as incúrias consecutivas, os maus métodos consolidados, a péssima administração de todos, o desperdício de todos. Depois, as necessidades da vida moderna, de terrível dispêndio para as nações. Como na vida particular, cresceram as superfluidades, o vão luxo, o aparato consumidor, mais precisões, mais gastos, a vida internacional tornou-se tão cara que mais ou menos todas as nações estão esfomeadas e magras. (...) O déficit tornou-se um vício nacional, profundamente arraigado, indissoluvelmente preso ao solo, como uma lepra incurável.»

O NÃO ITALIANO

E, repentinamente, surge uma notícia positiva para a UE... a Itália ameça sair da zona euro... as bolsas já reagiram favorávelmente e o Euro (€) já subiu de cotação para máximos absolutos.

Thursday, June 02, 2005

O NÃO HOLANDÊS

Oiço esta manhã na rádio que a Letónia "rectificou" a sua adesão na EU... Rectificar (também) significa alterar, emendar, modificar, corrigir... depois do não holandês isto não vai mesmo nada bem.