Tuesday, September 20, 2005

É PRECISO SACAR A ROLHA QUANTO ANTES

Caros leitores,

Peço-vos que não estranhem a ausência de textos meus sobre a vida política nacional. Sucede, que encontro-me muito preocupado com a falta de pessoas dispostas a provar os vinhos portugueses. É que existem, de facto, muitos vinhos por beber e degustar. Existem mais vinhos nacionais produzidos por ano (tintos, brancos, rosés, licorosos, frisantes, espumantes, de sobremesa, de colheita tardia, enfim...) do que almas humanas preparadas para os beber. Vou dar o meu contributo a esse "desígnio" nacional.
Nessa medida, encontro-me no Saca a Rolha. Venha visitar-me.

Saturday, August 06, 2005

A CRISE

Existem claros sinais da crise em Portugal. Leio que a maioria esmagadora do consumo de caracóis no nosso país é garantia via importação de produção marroquina. Apenas 5% do consumo anual de caracol – provem-nos no “Lisboa Antiga” em Benfica perto da estação de comboios! – provém de produção nacional.
Não admira que a nossa balança de pagamentos esteja deficitária! É caso para começar a levar a sério o “grupo-dos-economistas-que-só-pensa-no-deficite”...

Friday, July 22, 2005

O TRABALHO DO MINISTRO

A demissão do Ministro das Finanças Campos e Cunha tem contornos difíceis de explicar considerando a situação económica do país. A sensação que fica é que o Ministro não foi capaz de garantir para o futuro o rigor orçamental que tem vindo a doutrinar, e isto apesar do apoio do Primeiro-Ministro. Como não foi capaz de assegurar que nos próximos anos toda a decisão a nível de investimento público tem de passar previamente pelo crivo da “absoluta racionalidade económica”, o Ministro teve que sair.
Ora, antevejo duas questões que me parecem interessantes:
A primeira, é que se o novo Ministro vier a seguir a mesma política de rigor (o que se espera de um homem com a sua competência) e conseguir impô-la... então resta conhecer todas as razões que levaram a que Campos e Cunha não o tivesse conseguido.
Por outro lado, caso o novo Ministro não consiga seguir a mesma linha, então resta saber por que motivo se continua a nomear pessoas com competência e prestigio, para depois não lhes garantir condições para o seu trabalho. Se assim for, é caso para preocupações...é que o trabalho do Ministro das Finanças de Portugal passa por melhorar a situação das finanças públicas no nosso País o que, invariavelmente, acabará por melhorar a nossa vida. A vida de todos.

Monday, July 11, 2005

IMPOSSÍVEL DE SUPORTAR

Não me é usual escrever sobre futebol. Muito menos do rival do meu clube... mas ouvir o presidente do SL Benfica a falar de “gangsters” é uma gargalhada bem alta. Tentar escutar na televisão ou insistir em ler uma entrevista inteira do presidente do Benfica ou é um divertimento total (com gin fizz e pomada minorquina pela goela abaixo) ou um desespero total (se estivermos sóbrios).
Ouvir cada palavra de Filipe Vieira é regressar mais de dez anos atrás no discurso do futebol... quando não existiam SADs, quando um ex-presidente do Sporting andava fugido à justiça e comprou um bilhete de avião para a Angola, quando o FC Porto comprava viagens aos árbitros e tinha uma casa de banho hipotecada pelo Fisco, quando os clubes grandes não pagavam salários aos jogadores, quando o Estádio de Alvalade era suspenso em todos os início de época por motivos não justificados, enfim quando tudo era – sim é possível – pior do que hoje.
E saber que o “manager” do Benfica, ex-empresário de jogadores, tem 1/3 do seu salário penhorado pelo Fisco – salário que é de mais de 3 mil contos – e que a penhora será devida por 180 anos até pagar a dívida... tudo isto dá que pensar...
Dá que pensar no tamanho do montante da dívida desse senhor, dá que pensar na sua honestidade que após falir uma empresa virou-se para o Benfica, dá que pensar enfim no que os meus amigos do Benfica sofrem...
não fora terem acabado a Liga em primeiro lugar...

Friday, July 01, 2005

DIFÍCIL DE SUPORTAR

Vivemos (n)uma época difícil de suportar.
Refiro-me (também) à inenarrável situação daqueles autarcas que anunciam a sua candidatura por vezes dois anos antes das eleições. O actual presidente de Marco de Canaveses faz mais de dois anos que se encontra em campanha eleitoral para uma outra câmara (desde logo inédito), cola cartazes, gasta rios de dinheiro em almoços e propaganda, enfim... toda a panóplia eleitoral. Em moldes semelhantes numa escala do ridículo, o ex-presidente da C.M. de Oeiras também faz muito que já se candidatou, mesmo contra o seu partido, do qual só falta ser expulso. Mantenho a esperança que dr.ª Fátima Felgueiras não anuncie a candidatura a uma “prefeitura local” brasileira.
Por incrível que pareça, são os candidatos sobre os quais mais suspeitas recaem, quem mais cedo anuncia as intenções de ocupar-se do poder local. Talvez pela ideia de que uma vez no poder, poucos lhes podem tocar.

Monday, June 27, 2005

É PENA, SENHORES MINISTROS !

O Ministro dos Negócios Estrangeiros têm actuado com a prudência e inteligência necessária em vários assuntos delicados. Sempre que foi chamado a pronunciar-se, Freitas do Amaral respondeu bem e rápido, o que demostra que pensou previamente e bem. Foi assim com as relações com os EUA, foi assim com o fracasso da Constituição Europeia.
É pena o seu registo excessivo de “chefe de Estado”, estilo que para já tem caído bem nos media, mas que poderá vir a causar desamores.

Já a Ministra da Educação conseguiu aquilo que o ministro anterior estranhamente não foi capaz: a publicação em tempo útil das listas de colocação dos professores. Assim como a greve que, apesar dos esforços sindicais, não paralisou totalmente os exames nacionais, um imperativo para a educação.
É pena o seu registo distante dos cidadãos “normais”, é pena que a Ministra cultive uma certa imagem de afronta aos media, de alguma agressividade mesmo, e é pena a gafe proferida sobre a sentença do Tribunal Administrativo dos Açores.

Wednesday, June 22, 2005

GREVE É QUE NÃO

A falta ao trabalho por motivo de greve teve um tempo histórico na Europa. Portugal não devia ser uma excepção.
Em rigor, esta estranha forma de “luta” – nunca percebi bem o estatuto jurídico da greve durante 5 anos de Faculdade! – à qual recorrem os trabalhadores passa exactamente por tudo aquilo que contraria a essência de um trabalhador: não ir, voluntariamente, trabalhar.
Nessa medida, sempre preferi, ao invés da “paralisação” (palavra tenebrosa, mas muito utilizada pelos media para se substituir à expressão “greve”), o caminho do protesto, da expressão verbal, da manifestação com berraria e bandeiras...
Greve é que não. Sobretudo quando nos apercebemos que são sempre os mesmos grupos e classes (a distinção deixo para os “cientistas sociais”) que preferem a greve como forma de protesto. Sim... preferem a greve, pois existem alternativas.
Greve é que não. Sobretudo quando nos apercebemos que é geralmente a função pública que recorre a este expediente paralisador. Volvidos mais de 30 anos sobre a Revolução de Abril, é difícil acreditar que o Estado persiga apenas alguns grupos ou classes profissionais, como os professores, como os polícias, como os maquinistas da CP, como (leio hoje no jornal e fico em pânico) os guardas prisionais. A greve é que não.
Se eu tiver uma audiência marcada no Tribunal e lá não aparecer por que resolvi fazer greve, e o mesmo suceder com o Ex.mo Juiz, com o ilustre representante do Ministério Público, com o solícito funcionário judicial, com os menos solícitos condutores do metro e taxistas, com o simpático dono do café onde releio sempre os processos, com o senhor do quiosque dos jornais que insiste em cobrar sempre mais, com as pobres das testemunhas que foram notificadas para a inquirição, e até com a própria fútil audiência que costuma assistir a processos bizarros... se ninguém aparecer... o que fazer? Ficará alguém certamente sem o seu direito essencial do acesso à justiça.
Do mesmo modo, os alunos cujos professores fazem greve (em plena época de exames - bolas !) ficam sem o seu direito essencial do acesso ao ensino.