Wednesday, April 27, 2005

CONGRESSO DO CDS/PP

O “Congresso do CDS/PP” teve três curiosidades.

A primeira delas foi o tom do discurso de José Ribeiro e Castro (JRC). Não o primeiro (bom), não o segundo discurso (muito bom), mas sim a linguagem utilizada, o colorido das declarações. Da boca de JRC só saíram palavras raramente ouvidas por parte de um político que pretende ser líder... houve sem dúvida ar novo e fresco quando falou JRC. O novo líder do CDS/PP pautou-se por um discurso ora provocador (mas não arrogante, mesmo quando se referiu a Francisco Louçã) ora brincalhão (mas não patético, mesmo quando justificou que CDS é nome próprio e PP apelido), com técnica jurídica (na distinção entre aborto e "IVG") mas sem ser demasiado incompreensível. Foi um pouco truculento por vezes, mas até nisso esteve bem diferente da clareza televisiva, incisiva mas irritante, característica do anterior presidente do partido.

A segunda curiosidade foi a remodelação de parte do partido, quando poucos estavam à espera que tal acontecesse. A este respeito é interessante notar que após vitória da moção de JRC surgiram vários quadros do partido a integrar as listas para os órgãos do partido, pessoas de quem não se falava. Enquanto as distritais perdiam peso nas listas os quadros do partido que se julgavam desaparecidos da anterior liderança voltavam (vide Comissão Executiva)... muitos deles anteriormente afastados, de uma maneira ou de outra.

A terceira curiosidade é o facto de o CDS/PP ter virado para um “core” ideológico que não se manifestava em anteriores dirigentes destacados. Efectivamente, não se conhecia uma pinga de ideologia “democrata cristã” em dirigentes como Pires de Lima, Nuno Melo ou mesmo no inexprimível João Almeida. A não ser que por ideologia política se entenda para o primeiro “conservadorismo absoluto misturado com fome de mediatismo”, para o segundo “lógica do aparelho”, e para o terceiro “cacique parlamentar”, entre outras características – aliás patentes em todos os partidos representados na AR – que, ainda que importantes para a política (onde chegámos!), não são, contudo, fonte de virtudes.

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