Wednesday, April 27, 2005

NÃO SOMOS TODOS ASSIM?

O «(Na) Ferida» surge como a continuação de outro blog, já extinto (faz vários meses) – o «Mexe Na Ferida» - cujo começo foi obra do acaso. Do acaso político, pode dizer-se, o título da página era aliás demonstrativo de alguma voz de protesto; e do acaso da explosão de blogs que então se verificou, também.

Do acaso político, veio o nome e, em bom rigor, a direcção que se tomava. Era uma oportunidade para escarafunchar (era tempo disso – mas não o é sempre? com o que temos!), a infecção era enorme, e escrevemos um pouco sobre tudo o que julgávamos saber criticar. Pouco, mas assim se fez, apontou-se os cambalachos do “ora autarca ora chefe de Governo” Dr. Lopes (a ferida aberta), referimos os zumbidos da sucessão de Ferro Rodrigues (como que uma pequena úlcera que hesita no seu destino), opinou-se sobre a evitável ditadura da RA da Madeira (ai meu Deus que me saem as vísceras!), afrontou-se as palavras vis contra o (também meu) professor Sousa Franco, e falou-se nas outras debilidades mais. Foi o óbvio, bem sei.

Do acaso bloguítico veio o resto: a escrita não politizada, o filme de série B, o livro de cabeceira, o vinho singelo de uma noite bem passada, a música predilecta, a memória de um repasto tradicional, um sonho acordado, um sorriso, uma brisa, uma mensagem camuflada, um relato de viagem. Colocaram-se fotos no blog por isso, copiou-se anedotas pelo mesmo motivo de (me) entreter, deixou-se recados (quase sempre sem destino) e entre linhas de computador deixei (no meu singular) um pouco de mim. Um pouco do meu jeito.

O «(Na) Ferida» surge não do acaso, mas da vontade. É, por isso, muito mais débil, pois a vontade, mais do que o acaso, termina sempre. E é mais suspeito, pois o interesse, muito mais do que o acaso, pode não querer terminar.
Ao tempo dos acasos respeita agora um novo tempo. Vejamos a que sabe este bolo. Como sangra a ferida. «E mexe e remexe...» como dizia o génio...

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